“ponham muito alto a música”

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4oolhoos

L’ARGENT
ROBERT BRESSON (1983)

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Não se sabe bem como, onde, quantos.
Mas a trupe de acrobatas chineses impressiona.
Depois desaparece sem rasto até ao próximo número.


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Quando novo tinha a força de três homens.
Agora ao montar a, enorme, tenda suspira: Quechua.


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O domador de leões tem medo de gatos.


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(Rua da Fábrica)


“ponham muito alto a música”

OS MUTANTES - PANIS ET CIRCENSES




Fugitivo era esquivo.
Chegou numa tarde de tanta chuva que ouve matiné nenhuma.
Depois da borrasca continuou com o rosto lavado em lágrimas.
Não se lhe sabia o nome, não se lhe conhecia qualquer talento
e a pintura de palhaço, onde se encondia, não aguentava mais
de oito minutos na cara.
Chorava, chorava muito.
Diz que foi passional; diziam: de paixão.
Foi colhido, num dia de sol, numa passagem de nível sem guarda.


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do ut des

15 de Junho

“Um pagão de antes de Cristo pode salvar-se se se conforma com
o que é natuaralmente bom.”
Então para que serve a revelação de Cristo?
a) Se aquele que a ouve e a pratica tem mais mérito do que aquele
que a não ouve - é uma injustiça.
b) Se aquele que a não ouve, mas pratica naturalmente o bem, tem
o mesmo mérito - a revelação é inútil.


Ofício de viver (1948)
Cesare Pavese

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Corre à boca pequena que o anão mais baixo
anda a montar a menina dos póneis.


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(Rua José Falcão)

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Morreu no primeiro ensaio.
Andou meses e meses a insistir com ela para treinar:
fica, obriga-te a conseguir.
Depois do chicote, meses e meses de facas.
Fez quase um ano e encostou-se à silhueta, preta, no taipal, amarelo,
de madeira.
Disse:
atira; atira como se eu não estivesse aqui.
Ela fechou os olhos: inspirou profundamente: tomou o peso do cabo,
dela, na palma da mão.
Meses e meses a praticar, a demorar e ele com a outra: a dele.

Ela: a outra: a lâmina dela: no peito dele: zás!


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4oolhoos

O DINHEIRO - L’ARGENT
ROBERT BRESSON (1983)

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...

Longa pausa.
Campainha estridente. WINNIE abre imediatamente os olhos.
A campainha cala-se. WINNIE olha em frente. Longa pausa.

...


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Dias Felizes ( >> )


Vítima de inúmeros reveses amorosos: o equilibrista: no arame:
abre os braços para não cair.


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Tentou ser adivinho e quase que se aleijava.
Passou a escrever o nome ao contrário e tornou-se mágico.


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do ut des

18 de Agosto

...

É mais aceitável o ódio, a revolta contra o passado do que esta
beata ignorância.

...


Ofício de viver (1947)
Cesare Pavese

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Foi muito difícil, moroso, demovê-lo da ideia de ser trapezista.
Seis anos depois abraçou uma carreira na alta finança.
A alcunha ficou para sempre: “mãos de manteiga”.


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(*****) fashioninja

“ponham muito alto a música”

WILLIAM ONYEABOR - GOOD NAME




Primeiro foi um artista com um sonante nome espanhol.
Depois os gémeos Sousa.
- E agora, meninas e meninos, senhoras e senhores: Peeedro!
Silêncio.
O público num mudo perguntar exclamativo: Pedro!?
Súbito, o apresentador; mestre em cerimónias, apressou-se
a esclarecer: Peeedro Flato! O homem que, apenas com
o seu corpo,


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O que gosto mais no circo são os collants.


do ut des

12 de Janeiro

Na tragédia grega não há maus. Não se estabelece
uma responsabilidade, constata-se um facto - um destino.


Ofício de viver (1946)
Cesare Pavese

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4oolhoos

CASA DE LAVA
PEDRO COSTA (1994)

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(*****) fashioninja

sábado à noite na baixa.


“ponham muito alto a música”

WILLIAM ONYEABOR - LOVE ME NOW




um carro atropelou
outro na passadeira.
um terceiro ao ver aquilo
pôs-se em fuga.


ficou-lhe um palavrão
entalado num dente de siso.


O sol do imperador. O som do imperador. O trem do imperador.
O tron’ do imperador. O não do imperador. A noz do imperador.
A mão do imperador. O mau do imperador. O bol do imperador.
O bel do imperador. O til do imperador. O tal do imperador.
O pum do imperador. O pó do imperador. O pai do imperador.
O pau do imperador. O chá do imperador. O xis do imperador.
O fez do imperador. A foz do imperador. Os reis do imperador.
Os réis do imperador. Os fãs do imperador. O fim do imperador.

Murilo Mendes, “O imperador”, 1966-1967.


4oolhoos

CASA DE LAVA
PEDRO COSTA (1994)


uma rapariga muito sensível:
- tira a saia.
- está frio.


“oh! isto é tão contemporâneo”

ADRIANA CORREIA OLIVEIRA
SEM TÍTULO (2012)

[ nimbostratus ]


“ponham muito alto a música”

JOHN LENNON - WORKING CLASS HERO




? (#64)

(pessoas desconhecidas em álbuns de família)


do ut des

26 de Fevereiro


A grande arte moderna é sempre irónica, tal como a antiga era
religiosa. Assim como o sentimento do sagrado radicava
as imagens para além do mundo da realidade, dando-lhes um
futuro e antecedentes prenhes de significado, a ironia descobre
nas imagens e sob elas um vasto campo de jogo intelectual, uma
vibrante atmosfera de hábitos imagísticos e raciocinantes, que
transforma as coisas representadas em símbolo de uma realidade
mais significativa. Para ironizar não é necessário brincar (assim
como para sagrar não é necessário recorrer à liturgia), basta
construir as imagens segundo uma norma que as supere ou domine.
(...)


Ofício de viver (1942)
Cesare Pavese

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não alces
(as duas pernas
de trás)
senão cais.


(*****) fashioninja

“ponham muito alto a música”

BRONSKI BEAT - SMALLTOWN BOY

Somerville played the song’s titular character in the music video
who leaves his hostile ‘straight’ hometown for the friendlier city.




THERE’S OUR CATASTROPHE. IN THE BAG.


“Epá deves ter o cu quente. (Um, dois, três, quatro,
cinco segundos.) Deves ter o cu muito quente
com essas calças de fazenda.”

16h41; G.D.R.C. Vilarinha

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FATEIXA, s. f. (ár. khattaf). Espécie de âncora para fundear pequenos
barcos. Gancho, arpão, com que se tiram objectos do fundo da água.
Utensílio de ferro em que se penduram carnes.


(*****) fashioninja

(...) e sou amante por moda, musica e New York (...)

( >>  simplefashionworld )


“oh! isto é tão contemporâneo”

EDWARD HOPPER
CHOP SUEY (1929)

( H#1 | H#2 | H#3 | H#4 | H#5 )


adoro bifes e não
gosto da senhora da peixaria


“ponham muito alto a música”

THE BEATLES - HAPPINESS IS A WARM GUN




hoje não é feriado.


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