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Convenhamos que o mundo ficaria bem mais pobre e mais
vazio sem o Artista. Nenhuma classe, porém, está entre nós
tão desprotegida. É certo que, geralmente depois de morto,
o Artista beneficia de certas compensações... é falado, é lido
e relido, comentado, antologiado, imitado, entra no património
nacional. Donde se poderá então concluir que o costumado
confronto com a cigarra é odioso e injusto, que da cigarra
pouco fica para o seu semelhante e os vindouros, mas do Artista
fica muito em relação do que deixa a maioria dos seus
contemporâneos, que é caca.

[...]


O Cachecol do Artista - Luiz Pacheco

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